DE GALEANO À PEDAGOGIA DO FASCISMO
Imaginemos uma pequena aldeia. Nela há uma gritante divisão entre os que a habitam – chamemos essa divisão de ilha humana – incomunicáveis entre si é intransponível a fronteira que separa uma ilha da outra. Os motivos para não se tolerarem são inúmeros: gênero, gastronomia, estilo musical, perfume, cor do cabelo, esporte preferido, o vencedor de um reality show... A comunicação se dá por grunhidos. Não se gostam, se toleram, mas acima de tudo odeiam.
Aprofundemos agora a situação!
Eis que um deles resolve desnudar a situação. Revoltados por terem sido colocados diante do fato os outros o elegem como aquele que deve ser aniquilado e imediatamente a indignação rompe o lacre da insociável sociabilidade e todos (agora de mãos dadas) agem contra aquele que ousou tocar na face da verdade. Devem aniquilar a besta fera que ousou promover a catarse.
No calor do debate um emenda a fala do outro e tecem uma bandeira que unifica todos em uma causa débil, agora eles tem algo a odiar em comum. E tendo algo para odiar em comum são todos amigos. Amigos unidos pelo ódio. O ódio como afinidade. O ódio como uma afinidade que atrai.
É por aí que se instala o conceito do rebanho.